4.4.06

Um homem de família

Por FUAD FARAJ

Todo mundo sabe que o atual Governador do Estado é um dos maiores adoradores do nepotismo do Brasil. Com efeito, o nepotismo e o arcaísmo econômico, além de outros surtos típicos da síndrome do atraso, são seus bezerros de ouro. Há os que afirmam que só de parentes seus trabalhando para o Governo do Estado, funcionários que são ungidos pela árvore genealógica, há cerca de duas dezenas. E desde o primeiro ao último escalão de seu governo este exemplo é seguido por muitos outros partidários da doutrina propagada com afinco e sem temor pelo nobre Governador das Terras Araucarianas. E, calculo eu, são estes mesmos partidários que seguem, à risca, a cartilha do Chefe Supremo, que entre outras pérolas afirma de forma categórica, solene e professoral que o saco do chefe é o corrimão do poder. E este mandamento, tão caro ao nosso Potentado do Canguiri, a muitos entusiasma por dar a entender que os problemas de seu orçamento pessoal são de solução fácil, pois basta apenas estender a mão e subir na vida.
É parente pra todo lado, minha gente! Desde aqueles que galgaram ao cargo pelo corrimão inusitado até aqueles outros mais reservados e pudicos que se vangloriam apenas de seu Q.I., iniciais que aqui não se referem ao quociente de inteligência, que nas bandas governamentais, nestes casos de nepotismo, não deve ser genial, mas das iniciais do odioso “quem indica”. E a parentada pulula e abunda nas bandas do Palácio Iguaçu, desde aqueles que batem ponto até os que apenas dão uma passadinha no trampo pra pegar o contracheque. E ao lado daqueles de carne e osso, podem até figurar, nem lúgubres ou assustadores, fantasmas de semblante vivaz. Efetivamente o governador e seus partidários são exemplares homens de família que não deixariam os seus entes queridos desempregados, na rua da amargura, vendendo chiclete nos sinaleiros. Se um dos motes de seu governo é criar empregos e empregar pessoas, que se comece empregando os parentes, dita a lógica de nosso Governador e impoluto bate-pau do arcaísmo administrativo.
Mas a Constituição, diriam alguns, não permite este tipo de prática com viés de franca imoralidade administrativa. A Constituição, responderiam outros, ora a Constituição... A Constituição da República que se exploda em mil e um pedacinhos ao término deste Governo; que vire confete para comemorarmos os seus grandes feitos. Mas, acalmem-se diletos cidadãos, há alguém a nos defender, que passa horas insones preocupado em preservar a Constituição e a cidadania. Estou me referindo a uma das cabeças mais brilhantes das altas esferas jurídicas, o Procurador-Geral de Justiça, Dr. Milton Riquelme de Macedo, o Defensor do Regime Democrático, da Ordem Jurídica e dos Direitos Sociais e individuais indisponíveis. Este sim, sem temor ou amor a vassalagem há de demonstrar ao Governador com quantos parentes se acaba com o nepotismo no Paraná. E Procurador-Geral de Justiça como ele só, ainda que não ache, há de morrer procurando, pelo bem da estropiada Constituição da República a bem amada justiça. Não se desesperem cidadãos e lembrem-se do ditado popular: quem espera sempre alcança.
E não se recrimine o zelo do Procurador-Geral de Justiça que disse precisar de uma lei específica, própria, para enquadrar o nepotismo do Governador. A Constituição da República, esta coisa tão desimportante, não bastaria para o zeloso Procurador-Geral de Justiça processar por improbidade administrativa aquele que o indicou ao cargo. Nem ao menos recomendou ao Ilustre Benfeitor que mandasse exonerar toda a parentada. Provocado para se manifestar e tomar providências acerca do nepotismo explícito e vulgar do Governador, o magnânimo Procurador-Geral de Justiça, mandou às favas a representação e a provocação dizendo que sem lei o nepotismo fica aí como está e, por outras palavras, que a Constituição da República não tem força o suficiente para forçar o Governador a respeitá-la e o Procurador-Geral de Justiça a defendê-la.
Dito isto, só faltou ao Procurador-Geral de Justiça, o prezado Doutor Milton Riquelme de Macedo, rematar com o indefectível dizer que vigora fulgurante sob o regime da Lei da Selva: Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

(*) Fuad Faraj é promotor de Justiça e escreve para o DC aos domingos. Ele foi promotor em Maringá. (fuadfaraj@hotmail.com)

1 pitacos:

Anônimo,  18:11  

Só lamento uma coisa: Não ser eu a assinar um texto desses. Parabens Dr.Fuad (Ah!, como diria o Patolino :Requião, você é desprezível!!!)

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