19.4.06

Que seja feita a tua vontade, meu povo...

...Mas que essa vontade seja primeiro minha

Por LUIZ FERNANDO RODRIGUES

Sinto-lhe informar, caro leitor, mas acredito que mais uma vez a sua voz não foi ouvida.
Temos acompanhado com perplexidade e repugnância os acontecimentos na política nacional e também local, como a atuação dos nobres edis de nossa famigerada câmara de vereadores.
Porém é muito mais triste sentir perplexidade num espaço onde a população deveria ser maioria e seus interesses deveriam prevalecer.
Acompanhei e fiz parte das discussões da VI Conferência Municipal de Saúde, onde se definiram os rumos para a Saúde de nossa cidade para o biênio 2006/2007. Faço parte do Conselho Municipal de Saúde desde então, representando a Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maringá. Este conselho é formado por representantes do Gestor (Prefeitura Municipal), dos prestadores de serviços (hospitais, clinicas, etc.), dos funcionários e, é claro, dos usuários do SUS.
Em sua última reunião ordinária ocorrida no dia 18 de abril, na sala de reuniões da prefeitura assisti e participei de um grande debate em torno na instalação da Unidade Básica de Saúde Aclimação (que na realidade será Posto de Saúde Cesumar). A democracia foi respeitada, a maioria optou por votar a favor deste projeto. Mas alguns questionamentos ainda ficaram no ar.
O Cesumar (“Entidade sem fins lucrativos”) vai dispor de um espaço dentro de seu campus, desembolsando cerca de 480.000,00 para adaptações e compra de equipamentos e ainda irá colocar a disposição diversos funcionários para auxiliar no trabalho da unidade. A troco de quê uma entidade privada disporia de tal recurso e espaço? Somente para efeito de estágio para seus alunos, que podem exercê-lo em qualquer entidade ou outra unidade de saúde do município como já o faz? Ou há outros interesses implícitos nesta negociação. O questionamento foi posto na mesa, mas não respondido.
Outro fator importante é que a região, de acordo com o relatório final da última conferência municipal de saúde, não solicitou investimentos ou construção de unidade de saúde naquela região e sim implementação e readequação das unidades já existentes. Ora, se o usuário da região participou da conferência local e municipal e na ocasião optou por solicitar melhorias no serviço em geral ao invés de construir uma unidade no local, porque o gestor (Prefeitura) quer tanto esta parceria? Está claro, porém que a iniciativa não partiu da população que, muito pelo contrário elencou outras prioridades na conferência e sim do gestor e da entidade privada, no caso, o Cesumar.
Outros questionamentos ainda são pertinentes. O Conselho de Saúde aprovou no ano passado a reabertura do NIS III – Zona Norte e a prefeitura alega falta de recursos para a implementação deste projeto e de tantos outros investimentos na área de saúde do município. Como teremos recursos para contratação de funcionários e manutenção de uma Unidade de Saúde nova, em um local que não era prioridade, segundo a população? Até quando poderemos utilizar um espaço privado para o que é público? Como teremos controle sobre os usuários atendidos? Os alunos da instituição não terão prioridade no atendimento? E como fica a convivência de funcionários da Prefeitura e da Entidade? Responderão a qual gerência?
Será que não servirá de argumento esta “parceria” para uma futura entrega do Hospital Municipal para a iniciativa privada? Será que não seremos cobrados por isso no futuro, afinal 480.000,00 não é pouco dinheiro...
Que estes questionamentos lhe sirvam de reflexão. Deito com a cabeça tranqüila de ter feito a minha parte e votado contra a entrega do que é público para o privado, assim como outros 9 colegas do conselho que tiveram a mesma preocupação. Infelizmente outros 18 (que representam suas entidades) não fizeram a mesma reflexão e mais um projeto foi aprovado a às pressas no conselho. Que não se arrependam, pode ser tarde demais.

(*) Luiz Fernando Rodrigues - Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Maringá/Conselheiro Municipal de Saúde - segmento usuários

6 pitacos:

Anônimo,  13:42  

Comentário perfeito. O que está por trás de tanto "samaritanismo " do Cesumar ? Seria só o principio de uma administração "privatista"?O que virá depois? Ponta-pé inicial para futuras "parcerias"?
Na discussão Público ou Privada me parece que querem mesmo é jogar o público na "PRIVADA..."

Anônimo,  14:35  

Tomamos conhecimento do voto do Luiz Fernando. Não será possível saber quem são os nove que votaram "não" e os dezoito que votam "sim"?.

Anônimo,  15:40  

O gente, se vocês acham que há algum subterfúgio na construção deste posto de saúde, fiquem de olho. Certamente vai haver um Termo de Cooperação Técnica e Financeira entre o Cesumar e a Prefeitura e o Conselho pode pedir para ter acesso a ele antes que seja assinado. O termo deverá dispor que os R$ 480.000,00 do Cesumar são a fundo perdido; quantos funcionários, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, pessoal administrativo, vigias, serão disponibilizados pelo Cesumar e quantos pelo Município; a quem caberá as despesas com medicamentos, materiais hospitalares e demais materiais de consumo(porque não às expensas do Cesumar, que é tão generoso?; a previsão de que o termo poderá ser rompido a qualquer tempo pelo Município e o posto desativado; a preferência no atendimento da população da região sobre os alunos e demais pessoas vinculadas ao Cesumar, dentre outras coisas.

Anônimo,  20:53  

Sugiro o assassinato dos senhores envolvidos no caso.

Anônimo,  23:37  

a 'parceria' entre amigos esqueceu-se de consultar os amigos moradores do bairro e sobretudo os que circularam e trabalham no cesumar. Todos estão surpresos com o atropelamento das decisões tomadas anteriormente pela comunidade maringaense.

Anônimo,  11:00  

É, parece que o BARROS botou membros do Conselho da Saúde "no bolso", assim como fez com o João Cioffi (cadê o programa das quartas-feiras, naqueles moldes?).

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