"Algo tem que mudar para que tudo fique na mesma"
Do blog de Marta Bellini:
A frase não é minha. Tomo-a emprestada de Guiseppe di Lampedusa. Está no livro Il Gattopardo (O Leopardo). Descreve com maestria a ascensão da burguesia na Itália. Uso a idéia também. É que a cada governo – federal, estadual, municipal – lemos o tal do programa do candidato. Uma vez no poder, ele ou esquece do que escreveu (escreveram para ele) ou programa se aplica. Se o governante aplica o programa,é na base da lei: Algo tem que mudar para que tudo fique na mesma. Falo da situação do Parque do Ingá. Por que construir a passarela no Parque do Ingá? Porque está no programa político do prefeito eleito. Também porque é barato e dá votos na eleição.
Quais os problemas do Parque do Ingá no centro da cidade?
1) Apresenta erosões que até agora não foram resolvidas. Datam de mais de uma década estas erosões. Na Revista on line Teia, site da Universidade Estadual de Maringá, o leitor encontrará, no número de 1998, um artigo descrevendo estes problemas.
2) O parque foi construído para o lazer da cidade na década de 60, teve churrasqueiras para isso. O lago é artificial. Foi feito no modelo norte americano ou europeu de parque. No Brasil nossa ecologia não permite lagos e sim lagoas pertos de rios. Uma estética européia faz bem ao sertão paranaense. Dá ares do continente pai Europa. Mas, a cidade cresceu e não teve como manter este lazer.
3) O parque transformou-se em área de conservação e abrigou um mini zoológico. Muita coisa para uma área pequena e central com a água do lago sendo poluída pelos postos de gasolina e pelo bar que ficou lá, inclusive na gestão do PT. Temos uma pesquisa mostrando o grau de poluição que gerava o bar, de 2002.
4) O plano de manejo foi feito em 1993. Nunca aplicado perdeu sua validade, pois os anos passam, novas leis ecológicas apareceram, as erosões aumentaram, a poluição do lago também, além de sofrer o processo de assoreamento.
5) Os animais são bem alimentados pelo parque, mas os recintos são pequenos. Além do mais, os recintos (eufemismo para jaula) são inadequados aos animais. Vejamos os leões. Os felinos gostam de andar muito e gostam de apreciar o horizonte das paisagens. No parque os dois leões ficam no térreo em um terreno baixo. Baixo, bem abaixo da altura ideal aos olhares dos animais. Tenho um estudo por mim orientado sobre o comportamento dos leões.
Com isso tudo e problemas de muitas visitas, sobretudo aos domingos, a passarela será a primeira tecnologia eleitoral para captar votos e matar ainda mais o parque. Matar por excesso de visitantes, por excesso de movimentação em uma área frágil geologicamente, excesso de barulho para os animais. Esta parafernália me lembra os governantes do Brasil desde o Império aos dias até 1937 a 1945. Um Brasil para inglês ver e brasileiro votar. Saibam que nunca os governantes desde a Colônia até hoje precisaram dos cientistas sérios para falar dos problemas ecológicos ou outros neste país. Nem o prefeito de Maringá quer laudo ou biólogos que não querem ver o parque destruído. Ele quer a passarela; estava no programa dele e isto ele fará. Isto sim, é barato. Enquanto a passarela sai, os animais ficam em recintos (celas) pequenos, cada dia esperando a sua vez de morrer de tédio, de excesso de visitas e de negligência política.
0 pitacos:
Postar um comentário
Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.