17.2.06

Violência: Mulheres expostas na Internet

Por TANIA TAIT

Há décadas os movimentos feministas se organizam e manifestam sua indignação aos crimes cometidos em nome do amor, da paixão e da vingança e repudiam veeemente a violência contra a mulher. Vale lembrar que estes crimes foram justificados e perdoados pela sociedade na forma de “por amor se pode até matar”. Os homens que tinham outras mulheres cometiam “concubinato” enquanto que a mulher que tinha outro homem era dita “adúltera” e o marido tinha o direito de mata-la.
Mesmo com a mudança da legislação, a violência contra a mulher contínua. Os dados são alarmantes. Segundo pesquisa realizada em 2003: os maiores agressores são os maridos/companheiros (em 65% dos casos), seguido por namorado e pai. Aqui em Maringá, as estatísticas continuam alarmantes. Segundo dados da Delegacia da Mulher de Maringá, ocorreram, até outubro de 2005: 6 estupros, 446 ocorrências de lesão corporal, 539 ameaças e 15 atentados ao pudor.
Segundo o Conselho Social e Econômico das Nações Unidas, a violência contra a mulher significa: “Qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimentos e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher; inclusive ameaças de tais atos, coerção e privação da liberdade seja na vida pública ou privada”. Desta forma são encontrados 3 tipos básicos de violência contra a mulher: a violência psicológica, a violência física e o abuso sexual.
Com o desenvolvimento tecnológico surge uma nova forma de expressar a violência contra a mulher: a exposição, na Internet, de sua vida intima. Essa exposição é realizada por ex-maridos, ex-companheiros ou namorados. Enfim, pessoas com as quais a mulher compartilhou momentos de amor, agora, se sentem no direito de expô-las de forma sórdida. Claro que cabe processo por dano moral, apesar de demorado. Mas e o dano que fica com a pessoa, aquele dano em que não há dinheiro que pague?
Vimos recentemente o caso de um garoto que filmou a namorada e colocou na Internet e de um ex-namorado que colocou fotos de intimidade da namorada, aqui em Maringá. O que pretendem essas pessoas com a exposição de suas ex-companheiras?
Infelizmente, a nossa lei anda lenta com relação aos crimes praticados na Internet e a discussão ética sobre este tipo de comportamento ainda resulta em piadas e, para nossa desagradável surpresa, conta com o apoio de pessoas que saem divulgando as imagens que recebem, como se tudo fosse uma grande brincadeira.
Ao considerar essa mais um tipo de violência contra a mulher, entendemos que ainda temos muito que fazer para realmente eliminar toda a forma de discriminação contra a mulher. Não podemos aceitar que homens continuem a se sentir donos do corpo e da alma da mulher e se sintam no direito de dispor de suas vidas, como bem entendem.
Afinal, neste país e em todo o mundo muitas vidas foram ceifadas em “nome do amor”, aceito pela sociedade. Ora, quem ama, não mata, afirma categoricamente o movimento de mulheres. Quem ama, respeita!

(*) Tania Fatima Calvi Tait, Professora do Departamento de Informática da UEM; Presidente do Conselho Municipal da Mulher e Coordenadora da ONG Maria do Ingá. E-mail: taniatait@bs2.com.br

2 pitacos:

Anônimo,  08:32  

Não que eu seja a favor de homens que façam isto com mulheres. Mas cá entre nós: a mulher se deixa filmar... As vezes ela está com a câmera na mão. A ingenuidade da mulher as vezes surpreende.

Anônimo,  12:31  

Quanto mais os parceiros se entregam numa relação, mais interessante e inesquecível se torna aquele momento, alguns preferem registrar tudo até como uma forma de fetiche, mas tornar aquilo público como forma de vingança é mesmo muito juvenil e violento, parabéns Tânia.

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