O verdadeiro espírito de Natal está ali, na rua...
Por TANIA TAIT
Desde o começo do mês de dezembro eu tenho pensando em escrever um artigo sobre Natal. Mas, confesso que não sabia como começar. Vinham à mente idéias nada originais como “o espírito de Natal deve permanecer em nossas vidas durante o ano todo” ou “que o brilho do Natal ilumine todos os dias do Ano Novo”. Aí desisti; depois fiquei com vontade de escrever novamente. Cheguei a pensar em escrever algo como um “Natal Feminista” e depois pensei que seria um exagero da minha parte. Gostaria de colocar as situações que ocorreram durante o ano para no final do texto enviar uma onda de energia positiva para as pessoas. Enfim, queria escrever algo com cara de espírito de Natal. Quem sabe montar uma árvore de Natal aqui...
E, no dia 19/12, na reunião do Conselho Municipal da Mulher veio a inspiração. Ela estava ali na minha frente: Arinéia, a nossa Néia, conselheira, presidente da Associação das Profissionais do Sexo, portadora do vírus HIV. Uma mulher que luta pela sobrevivência. Uma mulher que luta pelas companheiras. Arinéia, que foi entrevistada pelos jornais quando se discutia a Praça da Catedral e em tantos outros episódios.
A sua história reflete a história de muitas brasileiras: com o vírus HIV, maltratada em Unidade Básicas de Saúde, maltratada no Hospital Municipal de Maringá, lutando incansavelmente para ser atendida pela saúde pública com dignidade.
Na reunião do Conselho, a Arinéia chorou ao contar que teve que sair de Maringá para ser tratada em São Paulo e que ficou imaginando o que acontece com as mulheres e homens que, maltratados como ela, não tem como ir para outros lugares e ficam ali a mercê de falta de atenção, de falta de remédios e de falta de tratamento.
No entanto, a inspiração não é a tragédia da Néia, pelo contrário, a inspiração é a sua força. Uma força que a move para lutar, não somente pelos seus direitos, mas pelos direitos de todas as pessoas que precisam de saúde, segurança e respeito.
Uma força que faz com que as pessoas continuem a exigir seus direitos, a despeito dos desmandos, do caos da saúde pública municipal, do superfaturamento dos notebooks, da salinha apertada do atendimento do programa DST/AIDS, do desrespeito ao meio ambiente, enfim de tudo que temos lido, ouvido, sentido e visto nesta cidade.
Basta ler os jornais ou assistir os programas de notícias para verificar que algo está errado e que a lógica está completamente invertida pois não se cuida das pessoas e do planeta com respeito.
Mas, voltemos a Arinéia. A Arinéia faz parte do que chamamos “movimento organizado de mulheres” Alguns historiadores já afirmaram que esse movimento é o maior movimento revolucionário da história da humanidade pois colocou em xeque as estruturas sociais e familiares. Modificou comportamentos e derrubou tabus. Assim, a presença da Néia no Conselho da Mulher nos mostra, claramente, mais uma face da sociedade, desvendada em fatos reais, humanos e dignos.
E ali no Conselho da Mulher temos o retrato da nossa sociedade: a preocupação com a gravidez na adolescência, a solicitação das representantes (meninas) da União Brasileira de Mulheres para tratarmos sobre a mulher jovem; a representante do movimento ecumênico preocupada com a formação e qualificação profissional de meninas; a representante da comunidade negra preocupada com a anemia facilforme; a preocupação e o trabalho realizado com as presidiárias de Astorga; as ações realizadas pela Secretaria da Mulher e, assim por diante.
Aí está a nossa árvore de Natal, repleta de bolas representando as lutas pelos direitos das mulheres; pelo fim da discriminação contra as mulheres; por salários iguais e tantas outras lutas, configuradas em nosso dia-a-dia, nos locais de trabalho, em casa e nas ruas. Tantas lutas que não são apenas para as mulheres, mas para todas as pessoas. Enfim, não tinha como não surgir uma mensagem de “Natal com uma conotação feminista”.
Mas, quando falamos dos problemas que vemos em nossa cidade, nos quais a luta da Néia está inserida, vem à mente um pedacinho de uma música que gosto muito e que cantamos em muitas eleições: “uma cidade parece pequena se comparada a um país, mas é na minha, na sua cidade que se começa a ser feliz....”
E que essa busca da felicidade, em seu sentido amplo, nos ilumine, a todas e a todos, em todos os dias do Ano Novo.
E, no dia 19/12, na reunião do Conselho Municipal da Mulher veio a inspiração. Ela estava ali na minha frente: Arinéia, a nossa Néia, conselheira, presidente da Associação das Profissionais do Sexo, portadora do vírus HIV. Uma mulher que luta pela sobrevivência. Uma mulher que luta pelas companheiras. Arinéia, que foi entrevistada pelos jornais quando se discutia a Praça da Catedral e em tantos outros episódios.
A sua história reflete a história de muitas brasileiras: com o vírus HIV, maltratada em Unidade Básicas de Saúde, maltratada no Hospital Municipal de Maringá, lutando incansavelmente para ser atendida pela saúde pública com dignidade.
Na reunião do Conselho, a Arinéia chorou ao contar que teve que sair de Maringá para ser tratada em São Paulo e que ficou imaginando o que acontece com as mulheres e homens que, maltratados como ela, não tem como ir para outros lugares e ficam ali a mercê de falta de atenção, de falta de remédios e de falta de tratamento.
No entanto, a inspiração não é a tragédia da Néia, pelo contrário, a inspiração é a sua força. Uma força que a move para lutar, não somente pelos seus direitos, mas pelos direitos de todas as pessoas que precisam de saúde, segurança e respeito.
Uma força que faz com que as pessoas continuem a exigir seus direitos, a despeito dos desmandos, do caos da saúde pública municipal, do superfaturamento dos notebooks, da salinha apertada do atendimento do programa DST/AIDS, do desrespeito ao meio ambiente, enfim de tudo que temos lido, ouvido, sentido e visto nesta cidade.
Basta ler os jornais ou assistir os programas de notícias para verificar que algo está errado e que a lógica está completamente invertida pois não se cuida das pessoas e do planeta com respeito.
Mas, voltemos a Arinéia. A Arinéia faz parte do que chamamos “movimento organizado de mulheres” Alguns historiadores já afirmaram que esse movimento é o maior movimento revolucionário da história da humanidade pois colocou em xeque as estruturas sociais e familiares. Modificou comportamentos e derrubou tabus. Assim, a presença da Néia no Conselho da Mulher nos mostra, claramente, mais uma face da sociedade, desvendada em fatos reais, humanos e dignos.
E ali no Conselho da Mulher temos o retrato da nossa sociedade: a preocupação com a gravidez na adolescência, a solicitação das representantes (meninas) da União Brasileira de Mulheres para tratarmos sobre a mulher jovem; a representante do movimento ecumênico preocupada com a formação e qualificação profissional de meninas; a representante da comunidade negra preocupada com a anemia facilforme; a preocupação e o trabalho realizado com as presidiárias de Astorga; as ações realizadas pela Secretaria da Mulher e, assim por diante.
Aí está a nossa árvore de Natal, repleta de bolas representando as lutas pelos direitos das mulheres; pelo fim da discriminação contra as mulheres; por salários iguais e tantas outras lutas, configuradas em nosso dia-a-dia, nos locais de trabalho, em casa e nas ruas. Tantas lutas que não são apenas para as mulheres, mas para todas as pessoas. Enfim, não tinha como não surgir uma mensagem de “Natal com uma conotação feminista”.
Mas, quando falamos dos problemas que vemos em nossa cidade, nos quais a luta da Néia está inserida, vem à mente um pedacinho de uma música que gosto muito e que cantamos em muitas eleições: “uma cidade parece pequena se comparada a um país, mas é na minha, na sua cidade que se começa a ser feliz....”
E que essa busca da felicidade, em seu sentido amplo, nos ilumine, a todas e a todos, em todos os dias do Ano Novo.
* Tania Fátima Calvi Tait, presidente do Conselho Municipal da Mulher de Maringá. Professora do Departamento de Informática da UEM
1 pitacos:
Tania, Seu artigo me emocionou! É a melhor mansagem de Natal que eu já recebí.
Postar um comentário
Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.