9.11.05

A Violência contra a Mulher: primeira parte

Por Tania Tait

A violência contra a mulher, agora, está sendo encarada como mais um tipo de violência na sociedade quando se discute o tema. Após anos, escondida entre quatro paredes, a luta contra a violência aparece nas agendas dos governos e das instituições sociais.
Reafirmamos, sempre: a descoberta da violência contra as mulheres pela sociedade não se trata de um fato isolado. Ao lado do crescente aumento de atos de violência ou, finalmente, seu registro junto às Delegacias da Mulher, está a luta incansável das organizações de mulheres que conseguiram que os governos implementassem políticas publicas de combate à violência contra a mulher.
Entretanto, devem ser lembrados os vários tipos de violência contra a mulher. Em sua caracterização mais cruel tem-se o assassinato de mulheres, cometidos por ex-maridos, companheiros etc, em atos de “incontrolável emoção” como alegam seus defensores. E, a cidade de Maringá tem índices assustadores nesse tipo de violência, quando 5 mulheres foram mortas nos últimos anos.
As organizações de mulheres têm tido, novamente, um papel relevante, ao exigir a pena máxima aos criminosos, para coibir novos crimes. Afinal está se falando de vida humana e quando um homem é assassinado a pena exigida é a máxima enquanto que, quando uma mulher é assassinada não se avalia o crime em si, mas o comportamento dos envolvidos e se procura todos os meios para reduzir a pena ou liberar o assassino da acusação.
Na prática, o assassinato de homens e mulheres é tratado de forma diferenciada pela própria sociedade que fica horrorizada com a morte de mulheres, mas permanece inerte, em grande parte.
Além dos assassinatos devem ser lembrados os demais tipos de violência, a sexual e a psicológica. São tipos de violências silenciosas, mas que existem em nossas casas, nas famílias e nos locais de trabalho.
A violência física aparece em um hematoma, um braço quebrado ou um corte. É uma violência visível. A mulher normalmente inventa uma história de que “caiu no banheiro”, o que é bastante comum devido o constrangimento e a dor de ter sido agredida pelo companheiro, mas, o machucado está ali, e é visível.
No entanto, a outra forma de violência é invisível. Trata-se do assédio no local de trabalho, do estupro escondido pela vergonha, das frases de menosprezo etc.
As pessoas nem se dão conta, por exemplo, que frases do tipo “você não serve nem para cuidar dos seus filhos” ou “a sua comida está horrível” ou “mulher bonita é aquela ali e não a que eu tenho em casa” são frases que ferem a auto-estima das mulheres e constituem a chamada violência psicológica, pois as mulheres passam anos ouvindo essas pérolas, diariamente.
E, quando são agredidas fisicamente, as mulheres ainda buscam justificativas como se elas estivessem erradas por algum motivo. Não são raros os depoimentos de mulheres que declaram que “apanhei, mas também, tinha deixado o arroz queimar e ele ficou nervoso”. E quantas mulheres passam anos apanhando em silêncio e esperando que a situação melhore.
Muitas mulheres estão buscando ajuda, outras não chegaram a tempo, foram mortas antes.
Na atualidade, a rede de apoio às mulheres vítimas de violência tem crescido e se fortalecido possibilitando uma vida nova para essas mulheres e um apoio às vítimas de violência que se sentem mais seguras e com possibilidade de reconstruírem suas vidas.
Mas, ainda é uma questão de poder do homem que se sente dono do corpo e da alma da mulher. E isto tem de ser combatido sistematicamente.
Durante o mês de novembro, em todos os lugares do mundo, as organizações de mulheres e os órgãos públicos de atendimento às mulheres, novamente vão as ruas para manifestar sua indignação e exigir do poder público medidas que coíbam a violência. São décadas de luta, são muitas as conquistas. Um dia chegamos lá: em uma sociedade sem discriminação de qualquer tipo.

(*) Tania Fatima Calvi Tait, presidente do Conselho Municipal da Mulher de Maringá, professora do Departamento de Informática – UEM



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